quinta-feira, 16 de julho de 2015

CAVALO DE AÇO







Em 1973 a TV Globo lançava a novela: CAVALO DE AÇO.
O cenógrafo e artista plástico
Cyro del Nero assinou a imagem ícone de abertura da novela.
Só conheci Cyro muito tempo depois, em 1987. Quando detalhei a Video Trade Show.
Por período de 23 anos, trabalhei com ele diversas vezes. Alguns trabalhos se estendiam por um dia, uma semana, um mês, ou podiam perdurar por vários meses. Vez por outra, íamos almoçar juntos, quando o tempo permitia.
Podia ser uma cantina italiana, um restaurante japonês, uma churrascaria. Mas um lugar era especial: o Viena do Shopping Eldorado. Lá todas as mesas eram guarnecidas com uma toalha de papel especial, e no centro um pote com quatro estacas de giz de cera: azul, vermelha, amarela e preta..
Invariavelmente Cyro pegava a azul e começava a desenhar. Quase sempre um cavalo, mas não um cavalo comum, era um cavalo no mais puro estilo grego. As garçonetes retiravam essas toalhas delicadamente ao servirem os pratos. Até hoje não sei onde foram parar aqueles desenhos. Quem sabe na parede da casa do gerente ou de algum funcionário?
Pioneiro, Cyro sempre esteve muito à frente de seu tempo. Quer na concepção de seus projetos, quer nas soluções técnicas. Seu Cavalo de Aço é uma simbiose entre o animal e a máquina, um verdadeiro conceito biônico-cibernético em plena década de setenta. A fusão perfeita entre o moderno da tecnologia e a ancestralidade animal: o hibridismo evocando a escultura helênica do período clássico.
Outro talento de Cyro del Nero, era sua grande fluência com a palavra. Seu blog com verdadeiras aulas de cenografia iluminação cênica e indumentária teatral estão na internet. Seus livros, entre eles, Máquina para os Deuses, narra suas experiências como cenógrafo e serve como guia para quem quer se dedicar a esse metier. Em um minuto, em seu inesquecível programa de rádio, Cyro conseguia criar um suspense que prendia o ouvinte até o fim da narrativa da Celebração do Dia.
Professor de graduação e orientador de pós graduação da USP, nos cursos de cenografia e indumentária teatral, ajudou na formação de inúmeros profissionais que militam atualmente em teatros pelo Brasil afora.

( Esse texto é um tributo ao Cyro Del Nero, que estava anos à frente de sua época)



quarta-feira, 1 de julho de 2015


LADY GODIVA


JOHN COLLIER







Óleo sobre tela, do pintor inglês John Collier. Essa obra de 1897 pintada em estilo pré-rafaelita, aborda a historia (lenda?) da esposa do administrador de Conventri. O tema foi explorado nos palcos teatrais e pelo cinema.
Lady Godiva desfilaria nua, montada num cavalo, mas nenhuma pessoa deveria ver esse evento. Mas a curiosidade de um jovem , Tom*, quebrou esse acordo. Essa tela de John Collier retrata a visão do curioso.
A pintura é rica em detalhes o que permite dizer do tempo que o espectador escondido por trás de uma janela teve para observar o passeio da Lady.
A textura das edificações, pedras e as juntas bem definidas. As manchas no pelo do cavalo. Os bordados e as pregas da manta que recobre o animal. A pele e os cabelos da mulher. Detalhes que contribuem para dar um toque de realidade à pintura.
* Conta uma das narrativas que pouco tempo depois Tom foi acometido por uma doença nos olhos que o deixou cego.


Fonte - http://listas.20minutos.es/lista/lady-godiva-338463/




SALVADOR DALÍ




O gênio catalão também dedicou um trabalho à Lady Godiva. Dali transita da tradição da pintura clássica para o simbolismo e finalmente para o surrealismo, com um domínio preciso da arte e da técnica pictórica. Uma de suas maneiras de surpreender o observador de seus trabalhos é o uso inusitado do ponto de vista do pintor. Por exemplo: a cena da crucificação, enquanto todos os pintores retrataram esse tema de baixo para cima, Dali mostra a cena vista por Deus. Em Lady Godiva sua tela retrata o tema não da perspectiva de quem vê a cena, mas de quem a imagina. Daí, um desenho impreciso, quase transparente, do que acontecia pela ruas de Conventri.
O poder da imaginação migra do corpo da mulher para o corpo do cavalo e vice-versa. Em nenhuma das duas instâncias as figuras ganham seus verdadeiros contornos.