sábado, 5 de fevereiro de 2011

MÓDULO DA VINCI - Segredos do Homem Vitruviano - parte 3


O CORPO HUMANO

Um dos temas recorrentes na produção artística é sem dúvida a figura humana.


As proporções do corpo podem sofrer alterações por diversos motivos.
Intenção do artista; função ou utilidade; estilo; estética vigente.

Entretanto certos autores se voltaram especificamente às proporções humanas.


As ilustrações precedentes apontam para o interesse do homem com seu ambiente, desde os desenhadores pré-históricos. Os parâmetros anteriores às medidas decimais estavam baseados nas partes do corpo humano: jarda, braçada, pé, palmo, polegada.
Nota: a figura à esquerda destoa das demais, porém será analisada no final deste ensaio. 


SISTEMAS SEMI-SIMBÓLICOS

Ao relacionar formas geométricas com o corpo humano, Da Vinci abre um leque de possibilidades combinatórias de articulações. Em outras palavras, diferentes investimentos semânticos às formas geométricas possibilitam novas leituras e revitalizam o “texto” (desenho) em significâncias variadas.
A fusão do Cristianismo com a Mitologia greco-romana faz parte da ideologia do Renascimento. Dentro dessa visão sincrética a coexistência sagrado/profano é harmônica. Ë a partir desse pressuposto que podemos aplicar o quadrado semiótico à obra de Da Vinci ora abordada.


- Quatro são os princípios que dão origem aos arquétipos do quadrado semiótico:
o divino, o não divino, o humano e o não humano. 

Combinados dois a dois, temos:

DIVINO + HUMANO = HERÓI
DIVINO + NÃO HUMANO = DEUS
NÃO DIVINO + HUMANO = HOMEM
NÃO DIVINO + NÃO HUMANO = DEMÔNIO.



4a- LEITURA
OS ARQUE/TIPOS

.O HOMEM DO SER
O SUJEITO S2

 
Novos valores podem ser atribuídos a sujeito e objetos


   Movimentos circulares simbolizam ciclos: o dia e a noite, as estações.
O giro de ponteiros dos relógios, a virada de uma ampulheta.
O quadrado simboliza os pontos cardeais; o tabuleiro de xadrez gerado por um quadrado dividido em 64 casas, espaços específicos para cada peça, e o labirinto de planta quadrangular, todos, nesse caso representam o espaço.

Tempo + Espaço = Contexto
S2 = um Sujeito passional = HAMLET
Pontos de articulação = 2, 4, 6, e 8.

Juntando-se os objetos O1 (Tempo) e O2 (Espaço), cria-se o objeto O3. Um espaço e um tempo simultâneos plasmam um CONTEXTO.

To be or not to be”. Assim se instala um sujeito deveras específico. O isolamento do EU é a tônica da situação passional. O sujeito trava uma luta interior. Está dividido entre ser ou não ser. O sujeito toca o quadrado em quatro pontos, é “dono” de seu espaço. A relação com o tempo (circunferência), se verifica apenas em um só ponto sob seus pés. Trata-se, portanto de um momento preciso, único. A paixão não transforma o mundo, mas promove uma mudança interior no sujeito. O sujeito como que faz uma autoavaliação e é auto sancionado. Neste caso a sanção é negativa, pois o sujeito conclui: ‘morrer, dormir, nada mais”.
Estamos de volta ao tema VIDA/MORTE, só que no nível do indivíduo.
Os pontos de tangencia contornam o sujeito com a forma de um losango.


Hamlet na cena do monólogo: ser ou não ser.


3a- LEITURA

UM PERSONAGEM MITOLÓGICO

O SUJEITO S3
  

A circunferência e a esfera podem ter outros significados além do tema Tempo:
 Céu, espaço sideral, o Panteão, a morada dos deuses 
Transpondo os limites do humano chega-se às searas mitológicas.

  Agrupando sujeito e objeto:

Circunferência/Esfera = Céu 
Quadrado = Terra

Céu + Terra = Mitologia
S3 = Sujeito mitológico = ULISSES
Pontos de articulação = 1, 3, 5, 7 e 8.

O sujeito expande os braços e as pernas como se quisesse abraçar o mundo. O ponto de vista do espectador observa o sujeito de cima para baixo, é como se o herói estivesse flutuando sobre um liquido. Sujeito da ação, por excelência, por onde passa deixa sua marca. Sua missão é transformar o mundo. Vencendo pela sua astúcia todas as peripécias que se interpunham em seu caminho. Sua trajetória é uma metáfora: a aventura do homem na terra. Articulando-se em quatro pontos com a circunferência e três com o quadrado, seus pés estão fora da terra. Há uma concessão dos deuses para suas ações. Seus feitos ficarão gravados na história dos homens. Desprendendo-se de seu lugar de origem sua aventura viajará através do tempo e do espaço. Sancionado positivamente, após sua morte entra para o rol dos semideuses.
Os pontos de tangencia contornam o sujeito com a forma de trapézio.




4a- LEITURA

OUTRO PERSONAGEM MITOLÓGICO
O SUJEITO S4


  Aqui o espectador está no chão e olha para cima. No alto, flutuando um sujeito que tenta se igualar aos deuses.

Constituintes figurativos: 
Circunferência = Céu
Quadrado = Terra

Céu + Terra = Mitologia
S4 = Sujeito mitológico = ÍCARO
Pontos de articulação = 2, 3, 5, 6 e 8.

O sujeito invade o espaço sagrado dos deuses. Caracteristicamente um sujeito do fazer. Sua performance, entretanto revela sua incompetência. Sancionado negativamente pelo Olimpo o sujeito é precipitado ao mar. Os pontos de articulação são reveladores. O sujeito tem a cabeça e as mãos na terra e os pés no céu, quer dizer, está de cabeça para baixo. A queda de Ícaro foi produto de sua insistência em voar mais alto que seu pai, que tentou de todas as maneiras persuadir Ícaro a desistir de seu impulso juvenil.
Os pontos de tangencia contornam o sujeito com a forma de um pentágono.




5a- LEITURA

O AVATARA
O SUJEITO S5


Este sujeito representa a Harmonia. Rearticulando as figuras:
Circunferência = Céu
Quadrado = Terra

Céu + Terra = Mitologia
S5 = Sujeito mitológico = Deus Encarnado

Pontos de articulação = 1, 4, 7 e 8.
Três pontos comuns articulam simultaneamente a circunferência o quadrado e o Homem.
A ligação dos pontos 1, 4 e 7 gera um triângulo isóscele com o vértice para baixo.
O centro geométrico desse triângulo se projeta sobre o coração do sujeito.


Na escalada do eixo vertical insere-se mais um degrau.

SEXO/UMBIGO/CORAÇÃO, quadrado/circunferência/triângulo.

   Esse sujeito liga harmonicamente os significados.
 Braços erguidos, mãos à altura da cabeça ligam o céu e a terra. Os pés unidos também ligam o tempo e o espaço. A cabeça do S5 toca a parte do quadrado, fazendo o limite acima de si um espaço intangível. A postura é semelhante a do Cristo crucificado. Um sujeito que venceu a morte.    Sancionado positivamente ele ressuscita e é glorificado ascendendo ao céu.
 O tema VIDA/MORTE se transforma em IMORTALIDADE.


 

 












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