sábado, 12 de fevereiro de 2011

MÓDULO DA VINCI - Segredos do Homem Vitruviano - parte 5

O MdV NA OBRA DE LEONARDO.
    A formula simplificada do Módulo Da Vinci é:

 
   
   Quadrado - Lado = 1,0 unidade
   Circunferência- Raio = 0,618 unidade
   Ponto de tangência - centro do lado inferior do quadrado.
   Onde e como Da Vinci aplicou o MdV.

MONALISA 
 
   Retrato de uma mulher que causa polêmicas até hoje. Ao famoso mistério do olhar e do sorriso, pode-se adicionar o mistério das mãos.



   Da Vinci, pintou as partes iluminadas da Monalisa com a técnica do “sfumatto”. O campo iluminado vai passando sutilmente para o sombreado e vice-versa. Com isso Da Vinci abandona o traço linear e as formas fluem sem interrupções. O mistério reside na impossibilidade de se saber onde começa ou termina o objeto desenhado, pois o desenho é desconstruído em favor do “chiaro-oscuro”.

 
Proporção do painel = 2 MdV (2 Módulos Da Vinci) Campos iluminados = 3 MdV


A ANUNCIAÇÃO 
 
Um Anjo traz mensagem para Maria.

   Do lado esquerdo da cena vemos uma paisagem naturalista em cujo centro está um anjo ajoelhado. Do lado direito uma mulher sentada envolvida por uma construção arquitetônica. Entre as duas figuras uma mesa entalhada com motivos vegetais, objeto mediador entre seres de universos distintos. Oposições: divino/profano, natureza/cultura, assexual/sexual, luz/sombra.


   O nível da paisagem natural está acima do piso do primeiro plano, onde se encontram os personagens da cena. A mulher tem os pés sobre um piso iluminado. O anjo se ajoelha sobre um piso escuro. Duas metáforas cruzadas: o anjo desceu do superior para o inferior e do claro para o escuro. A arquitetura que envolve a mulher sugere os cantos externos e não tem continuidade, criando um campo negro que destaca seu contorno. As subdivisões do retângulo ( campo do anjo X campo da mulher) obedecem rigorosamente à medida dourada.


Proporção do painel = 2 MdV (2 Módulos Da Vinci).
Destaques = 3 MdV (anjo/espaço mediador/mulher)


  
  A mensagem verbal se concretiza no espaço plástico. Uma grossa linha clara atravessa a cena da esquerda para a direita parando na mão direita da mulher. As árvores entram no fundo da esquerda para a direita parando antes da metade do cenário. As copas criam um ritmo e uma curva em relação ao anjo, alem de se inclinarem gradativamente em direção à mulher. Nota-se que Da Vinci pintou árvores de espécies diferentes. Pode-se pensar em uma mensagem cifrada proferida pelo anjo. Do ponto de vista léxico categorias gramaticais variadas, do ponto de vista semântico significados diferentes. Em suma: uma frase. O gesto da mão direita do anjo é aparado pela palma da mão esquerda da mulher, onde se consuma a mensagem recebida.


  A medida de ouro, é a proporção áurea, a chave descoberta pelos gregos. A harmonia resulta do uso das relações proporcionais das partes entre si e das partes com o todo.

A ÚLTIMA CEIA 
Cristo com os apóstolos.

 

  Arquitetura renascentista para uma cena da Antiguidade. Não se trata de erro e sim de licença poética. Personagens dialogando ou discutindo, e ninguém entretido com comida ou bebida. Todos gesticulam, e cada gesto traz uma carga de significados.


 

As linhas de fuga do teto convergem para a cabeça do Cristo. Os braços abertos em ângulo como alguém se despojando de seus bens.


 

A iluminação da cena recai sabre os personagens da ceia e parte da parede lateral direita.
Três janelas ao fundo deixam aparecer uma linha de horizonte. O restante da cena está mergulhado na sombra, deixando antecipar um clima dramático.



Inserindo-se através das linhas arquitetônicas percebe-se as combinações e a harmonia que Leonardo construiu com seu Módulo.




  O enquadramento da parede de fundo abre três janelas para o exterior. A linha de horizonte divide as janelas em azul na parte superior e verde na inferior. A continuidade dessa linha passa imaginariamente pela metade da cabeça de Cristo, donde podemos concluir que se trata de um ser que pertence ao céu e a terra. Pelo filtro do MdV Leonardo construiu e legou ao mundo uma obra que é capaz de ligar a cadeia do Tempo e do Espaço transcendendo com sua visão humanista esses mesmos Tempo e Espaço.
  Da Vinci explora um segundo ponto de fuga para solucionar o tampo da mesa, o que poderia ser considerado um “erro”, porem essa pequena deformação se harmoniza perfeitamente com o todo da obra. 

Aproximando-se da figura central, nota-se que os detalhes da construção arquitetônica também se baseiam no MdV.

OS GÊMEOS  

Duas propriedades caracterizam a existência gemelar, a saber: FUSÃO e/ou DIVISÃO. A Mitologia fornece diversos exemplos. Em geral, porém não exclusivamente, descendentes da união de divindades com mortais. A beleza, seja da mulher ou do homem, é a desculpa pelo comportamento adúltero, ou pouco recomendável dos habitantes do Panteão. Disfarces e artimanhas foram usados para ludibriar nossos ingênuos mortais. Transfiguração para a aparência do cônjuge, a forma de um animal de estimação, e outros que tais. O filho herdava as virtudes dos pais em dose dupla, isto é, a divindade de um e a humanidade do outro, podendo se tornar um semideus e no mínimo um herói. No caso de gêmeos a situação se torna mais complicada: um será mortal e o outro imortal. Zeus, sob a forma de um belo cisne, seduz Leda, mulher de Tíndaro. Dessa tríplice união, Leda dá à luz a dois casais: Castor e Climtemnestra, filhos do marido, mortais; e Pólux e Helena filhos da divindade, portanto imortais. Outro cruzamento dessas esferas tão diferentes de personagens é o caso de Rômulo e Remo, filhos de Marte e Reia Sílvia. Encontramos também gêmeos filhos de divindades, como Apolo e Diana, filhos de Júpiter e Latona
  
Leda o Cisne e os Gêmeos. Doze MdV.


Destaques: mulher = 4 MdV; cisne = 2 MdV; quadrigêmeos = 1 MdV.


APOLO e DIANA


O SOL E A LUA

   Apolo era o deus do Sol. Era na realidade o próprio Sol. Nesse sentido representava a luz, o conhecimento, a revelação das coisas encobertas pelas trevas. O Sol desde as mais remotas eras está relacionado com o masculino, o positivo, o quente, o fogo, o dia. Diana era a deusa da caça, ao mesmo tempo que deusa da Lua. Consequentemente representa o lado feminino, o negativo, o frio, a água, a noite. Da Vinci leva o jogo de fusão e divisão ao extremo. Já vimos que o tronco oculto pode ser de uma mulher. Também verificamos que o rosto Vitruviano é ambíguo. Contem fases da vida: juventude, velhice e morte: comparável às fases da Lua: crescente, cheia, minguante e nova. Mais ainda: confirma a síntese masculino/feminino do corpo. Quanto ao Sol, está presente nos movimentos que Da Vinci imprime na figura humana: elevação dos braços e pernas, elevação do olhar e elevação do pênis. À imagem e semelhança de Deus, Da Vinci recria o Homem com a presença virtual da Mulher. 
 O TRIÂNGULO
   O triângulo é a primitiva das formas geométricas. Ë a mais estável entre as demais formas. A sensação de eternidade talvez tenha inspirado os construtores das pirâmides do Egito a usar a forma triangular. A orientação das pirâmides tem como referência o Sol, na implantação e nas medidas tanto horizontais como verticais. Alvorada, meio dia e ocaso, eis de novo o triângulo no percurso que o Sol descreve para o observador. O frontão na arquitetura grega é mais um dos notáveis triângulos utilizados de forma prática. Aliás, o desenvolvimento da geometria na Grécia é um dos grandes legados daquela civilização. Como exemplo basta citar Pitágoras e seu atualíssimo teorema. A trigonometria, e toda gama de cálculos que permitiu ao homem precisar as ogivas espaciais e conquistar espaços jamais imaginado.


Pártenon, obra prima da arquitetura clássica do período helênico.

CONLUSÃO 
  Como ser conclusivo diante de material tão vasto? Acreditamos ter apontado uma pequena janela pela qual se vislumbram novas perspectivas. O Homem Vitruviano é uma obra aberta.
Incontáveis autores das mais diversas disciplinas abordaram o desenho de Da Vinci. Filósofos, críticos de arte, artistas plásticos, médicos, fisioterapeutas, psicólogos, publicitários, astrônomos, astrólogos, historiadores, matemáticos, etc. A cada dia novos achados são acrescidos ao acervo existente. O que se pode dizer é que há muita coisa fermentando no desenho de Da Vinci à espera de ser decifrada e revelada. Diante desta modesta contribuição à fortuna do HOMEM VITRUVIANO, cabe agora ao leitor prosseguir e descortinar novos segredos nesta obra de LEONARDO DA VINCI.


BOA VIAGEM!






Nota 1 - A chamada arte rupestre, pintura ou gravação nas cavernas e nas rochas retratam animais na sua maioria com grande riqueza de detalhes. Entretanto a figura humana aparece em quantidade menor e bastante simplificada. O homem pode estar caçando ou em cena de combate.
Uma imagem é digna de nota pelo inusitado temático. Trata-se de uma pedra gravada encontrada nas montanhas Gueghianian no planalto da Armênia. O circulo dividido em quarto partes iguais sugere uma partilha de terra entre quatro famílias clãs ou tribos. As figuras humanas devem representar os líderes. Se os líderes estivessem dentro de cada fatia significaria possessão. Para entender as figuras na parte externa do círculo temos que admitir uma relação ¨diplomática¨ entre as partes. 
O acordo propõe a união dos proprietários num pacto de não agressão e a defesa do bem comum partilhado, em caso de ataque por grupos inimigas. 
A borboleta estilizada provavelmente serve como referencia de localização, visto que a noção de pontos cardeais ainda não existia. 


Nota 2 – O ato de voar foi objeto de estudos de Leonardo. Alguns inventos tiveram origem a partir dessa preocupação: o anemômetro, o paraquedas, a biruta. Cinco séculos depois o helicóptero e a asa delta foram baseados em seus protótipos e desenhos. Asas de aves e de morcegos fazem parte do repertório gráfico de da Vinci.
A anatomia animal além da humana gerou diversos estudos de posturas e movimentos desses modelos.





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